Pages

5 de set. de 2018

Admirável (des)encanto

Vivemos uma mudança.
Um mundo onde as pessoas só querem se divertir umas com as outras.
Brindar por uma noite e não se lembrar no dia seguinte. 
 
Vivemos a conformação de uma sociedade adoecida
que pouco se importa com a dor do outro.
Pessoas vazias, que não sentem mais nada.
Que não se entendem. Que não se suportam.
 
Estamos cercados de pessoas que pouco se valorizam.
Pessoas que veem graça no desprezo arremessado ao outro.
Que imersas na mediocridade, pregam por aquilo que nunca viveram e que nunca praticam.
 
Nós criamos um modelo desconfigurado que parece encantar a todos.
Um sistema desatualizado, onde a beleza ainda fala mais que os valores do intelecto.
Um mundo adoecido, infectado por si mesmo.
De corações admiráveis que perderam seu encanto.

Notas

A vida é curta.
E n’um instante passa diante dos olhos.
Ficam pessoas, momentos..
Ficam saudades.

Fica a alegria da presença de quem a gente ama.

Vida que tudo vale mas que dinheiro nenhum compra.
Que nasce de amor, se enche de ódio e termina na solidão das lágrimas que despencam dos olhos.
Porque a vida é uma
mistura de amor e alegria
com dor e saudade.

Notas

Quando foi que nos despedaçamos?
Quando o dia amanheceu e estávamos um de cada lado.
Como eu fui deixar que tudo isso acontecesse?
Quando você bateu a porta esperando que eu a abrisse.
Quando eu cheguei mais cedo e você não estava lá.
Como foi que a nossa vida mudou tanto de lugar?
Agora os dois foram embora e nenhum sabe voltar.

Amor de lata

Quão ousado você foi
ao dizer o que sentia
por quem nunca se importou.
Quando achou que tinha tudo
mas que isso nunca valia nada.

Quão longe você correu
desejando estar sozinho
para fugir da solidão.
Se esquivando das mentiras
que a verdade entregou

Quão triste você ficou
Quando todos te abraçavam
apenas para ir embora,
enquanto você colecionava
despedidas.

Quanto amor próprio descartou
para se sentir querido,
para que pudesse ser lembrado.
E quantas poesias
e poemas que foram escritos
e hoje são apenas notas
que soam na lata do lixo.

13 de jul. de 2018

Perguntas

Qual útil você se sente?
Quão longe parecem as coisas que você busca diariamente?
Quantas respostas existem para as suas perguntas?
Será que alguém consegue te ouvir?
Quão escuro parece quando as luzes se apagam no peito?
Será que existe uma saída?
Por que será que ninguém entende da mesma forma? Será que só você pensa diferente ou a diferença está no pensamento comum?
Você enxerga aquilo que os olhos veem?
Diga-me
O quão só você se sente?
E quantas tempestades existem aí dentro?
Por quantas vezes você se viu perdido?
E quantas foram as vezes que desejou que tudo acabasse?
Quanto amor você guarda?
Quantos deles você teve de matar para que o seu próprio não morresse?
Quantas quedas foram lentas? Quantas mortes foram súbitas?
Quantas vezes a saudade bateu querendo entrar?
E quantas vezes deixou o orgulho do lado de fora para não trazer indisposições?
Por quantas vezes se encontrou chorando trancado no seu quarto com uma dor que atravessava o peito e te rasgava ao meio?
E quantas foram as vezes que essa dor passou?
Talvez alguma das suas respostas sejam diferentes das minhas.
Talvez a nossa diferença nos torne iguais porque a vida é diferente para nós. Não diante dos olhos, mas aquela vivida; o nosso dia a dia.

23 de jun. de 2018

Ame

Ame.
Ame com certeza. Ame sem pesar.
Ame com a pressa de um amor que vai crescendo devagar.
Ame com a racionalidade de um amor enlouquecido.
Como o calor de uma chama que nasce apagada.
O presente passado de um futuro real.
Um amor forte como a brisa deixada por um temporal.
Amor que não cessa e nem deixa feridas.
Que não se submete, que não se justifica.
Um amor que sequer cabe num só peito.
E quando em dois se divide, se completa.

Notas

Vejo muita gente por aí dizendo que não se deixa levar pelas aparências. E que não faz diferença alguma quantificar os bens que uma outra pessoa possui.
Mas a verdade mesmo é que tudo isso não passa de mentira.
Uma forma de enganar os outros e a si mesmo negando uma cadeia de interesses que na verdade sempre esteve ali.
E dói bastante ver que isso se tornou algo comum a ponto de que muitas pessoas o fazem (e falam) sem nem ao menos perceber.
Pregam uma ideia vencida de que ainda olham para dentro, mas gostam sempre de lembrar dos atributos físicos e financeiros que veem uns nos outros. O que vestem, onde vão e como agem.
E o resto é só um resto mesmo. O pouco do que restou.
Fato é que a fraqueza de espírito nunca esteve tão em alta.

A inteligência é um encanto que caiu em desuso.
A verdade está ofuscada porque não se conta mais aquilo não se pode contar (quantitativamente). E o coração mesmo, este já não tem valor nenhum.

Notas

En tantas ocasiones me olvidé todas las cosas que sentía. Todos los dias me recuerdo lo mucho que te reías. Te veías como una estrella en el camino oscuro de la vida y hasta el dia de hoy no me arrepiento de nada. Te lo juro
Me olvidé que los arboles se siembran con raices y el deslice de un amor siempre nos deja marcas y cicatrices.
Si no estamos solo a solas, ya no importa.
Pero quiero que sepas que todas las noches
rezo pa' que Dios te cuide a ti y tu te cuides a mi gran tesoro - tu sonrisa.

Notas

Esa vida que tu quieres no la quiero yo.
Vivimos en constante cambio, en constante evolución, sumidos en rutinas estresantes, viendo cómo el tiempo se nos escapa de las manos sin que seamos plenamente conscientes de ello.
Dejalo ir, quedate aqui.
Pues ya lo habia dicho Franklin: El tiempo perdido no se recupera nunca y cuando decimos que tenemos tiempo de sobra descubrimos siempre que nos falta el tiempo.

Cartas à ela: Parte III

Ela transborda os meus vazios.
Traz um querer que sem querer me toma aos poucos e me completa.
Ela é a metade do juntar dos meus pedaços.
E quando sorri me leva ao ápice da infância de um amor que nunca quis envelhecer.
Ela é a luz que apaga a escuridão.
É cada verso em poesia, minha diminuta razão.
É o soar do meu silêncio
em corpo, alma e coração.

19 de abr. de 2018

Sono

Tenho dormido demais
em uma tentativa pífia de me desligar do mundo.
Para fingir que a vida é um sonho e que tudo acabar-se-á no instante em que eu acordar.
Tenho dormido muito
para driblar a fome que sinto de viver aquilo que eu não posso e chegar onde as mãos já não conseguem alcançar.
Tenho dormido demais!
Para que o riso sincero floresça neste jardim,
e que luz que aponta no fim do túnel não seja mais um trem a me passar por cima.
Tenho dormido
para me libertar da solidão que me acompanha e nunca soube ir embora.
E para fugir dos golpes do homem de preto e sua foice que me observa em seu cavalo.
Tenho dormido demais
para não ter que ver a vida debochar de mim ao jogar na minha cara que fui sempre usado e descartado feito uma roupa velha rasgada.
Tenho dormido demasiadamente
para que as tantas partidas um dia cheguem ao fim, e eu não tenha que sonhar estar dormindo para fingir estar vivendo.

Não mais.

4 de abr. de 2018

Partidas

A cada ano eu coleciono uma nova despedida: Ex colegas, ex amigos, momentos e bens que se vão antes mesmo que eu possa agradecer em tê-los por perto e comigo.
Seja esta, talvez, a maior dor que eu sinto - O desprezo do acaso. A indiferença daqueles que passam por aqui e nunca querem ficar. A incontrolável sensação de vazio consolada por tantas perdas num peito esburacado que raramente consegue sentir algo que não seja solidão. Logo eu que me acostumei a sempre escrever sobre partidas..
Mas então cá me pego novamente a tecer mais essa, que junto a todas as outras é mais uma no monte.
E assim como eu, servir-se-á de morada ao mofo e ao pó, até que o tempo reaja e a tinta se apague.

20 de mar. de 2018

Crônicas de um Zé

Eu sei que não tenho uma feição angelical, um corpo atlético e nem mesmo um sorriso bonito.
Que não tenho um meio de transporte que seja mais rapido que os passos atrasados rumo às estações de metro e/ou pontos de ônibus.
Eu sei que não sou tão esperto e que por mais que eu tente, nem sempre consigo tirar a dor de outro alguém.
Eu sei que não faço o tipo 'moderno' e sequer tenho charme pra jogar por aí.
Que não sou aquele a ser lembrado e talvez que nem falta eu faça a outrém.
Eu sei!
Eu não tenho muito mais a oferecer do que as palavras que escapam de tudo o que eu sinto.
 Porque isso é verdadeiramente tudo o que tenho: tudo aquilo que sinto.

NOTA - DESCULPAS

Passei um tempo fora. Era necessário.
Algumas coisas não precisam ser ditas, mas ao que me cabe, basta dizer que errei.
Sempre escrevi muitas coisas à muitas pessoas, mas de algum tempo pra cá gerou muitos probemas - a mim e aos outros também.
Nunca, em momento algum, escrevi algo para machucar alguém. Nem mesmo na intenção de provocar algum tipo de briga e/ou desentendimentos. Nunca fiz por mal!
Eu sempre coloquei muito sentimento no que escrevo porque é assim que eu sou. É assim que eu sempre fui.

Sem mais delongas, deixo as minhas mais sinceras desculpas a todos. Por tudo o que foi escrito e todo o mal que isso possa ter causado.

EU SINTO MUITO!

Felipe Falarara

4 de mar. de 2018

Dizeres

Queria dizer antes que fosse tarde
Antes que o mundo parasse
Ou que a gente sofresse
Antes que tudo mudasse
E nos desconhecêssemos. 


Queria dizer
Antes que a espera se canse
E que a vida passe por nos
em uma despedida.
Eu só queria dizer
antes que a noite se acabe
Pois tenho medo que parta
E que nunca mais volte.

Apreço

Maior que o mar
Que eles navegam
É o que sinto
Aqui no peito.
 
Quando bate
E me castiga
Levando parte
Do que sou
 
Mulher,
Cá estou
Às escondidas
Outra noite
A te escrever
 
Pois um só (verso)
Não bastaria
Tampouco
Saberia te dizer.
 
Que teu sorriso
Não há preço
Nem apreço
Que se pague.
 
O que merece,
Em verdade,
Neste mundo
Já não cabe.

1 de mar. de 2018

Tudo o que ela é - Parte I

Ela é uma cantiga
O despertar silencioso de uma noite mal dormida

Ela é bondade, é munição
O fundo de todo raso e o céu de cada chão

Ela é poeta, é poema
é nota de poesia
A madrugada em claro que se arrasta pra um novo dia.

Ela é musica, é sinal
é o som que me fascina
É a miragem do deserto no fundo de uma latinha

Ela é trovão, é sutileza
na tempestade que tudo leva
É o paraíso que se sonha
com ondas que todos temem

Ela é inteiro, é resposta
É o final de cada meio
Ela é som que não se ouve
a paz de todo anseio

Ela é vontade, é beleza
É tudo que o nada soma
É a verdade que se ajeita
na mentira que se conta

Ela é o fim, é a saudade
É o alívio que doi
A esperança em meio a guerra
Ela é amor quando corroi.

O canto que encanta

Ela me fatia,
me parte aos poucos sem qualquer esforço. 
Me cativa
quando sorri e me remonta enquanto junta os meus pedaços
Ela me encanta
ate mesmo quando canta e desafina 
E quando olha nos meus olhos 
ela me vira pelo avesso. 
Ela me basta de tal forma 
que nem eu explicaria. 
Mas quando some é só tristeza 
Porque com ela é sempre dia 

Mas sem, é frio, é noite, é breu. 

26 de fev. de 2018

Notas

Tenho assistido há tempos essa novela torcendo por algum fim. 
Sigo voando mas ciente de tudo. Querendo viver um sonho que parece não existir. Correndo sem parar; desesperadamente, sem chegar. 
Torcendo por uma lembrança, esperando por um momento.
Pensando em diversas formas de mostrar 
tudo aquilo que quero dizer e nas palavras já não cabe. Tamanha importância que ela tem por aqui. 
E eu fico aqui contando o tempo, implorando para que ele pare e nenhum de nós tenha que ir embora.. Que ninguém tenha que ir embora. 
Eu sigo de braços cruzados. As mãos fechadas se apertam numa tentativa falha de segura-lá. Mas ela sempre me escapa. Escorrendo por entre os dedos. 
Eu me disperso e fecho os olhos. É a hora que me despeço.

Preenchendo com saudade a expectativa de te-lá n’outro dia  ainda que por um instante.. Ainda que de longe. 

25 de fev. de 2018

Notas

Tem sido cada vez mais difícil. 
Toda vez que a vejo, é sempre um novo aperto.
Distante, coisas que antes existiam hoje são escassas: Atitudes, expressões, palavras. 
Mas é assim - Tudo muda. 
Entendo que muitas coisas acontecem por lá da mesma forma como há coisas que acontecem por aqui. 
Mas ah.... Não renego tal intriga. 
Quando fala e eu me prendo no seu mundo sem pensar. E no final eu não quero mais nada. Apenas estar ali. Tê-la por perto nem que seja por um instante. Nem que seja num sonho. 
E quando me olha eu fico aqui tentando entender o que os seus olhos dizem.. E como me encanta o quanto eles brilham...
A ingenuidade que tem, a bondade, as certezas...

Eu não ligo das pessoas me dizerem isso e aquilo por sempre me preocupar em fazer tudo por ela. Por querer protegê-la das coisas e das pessoas ruins; Por querer levar todas as porradas da vida apenas para se sinta bem; Por querer estar perto e participar mais.. Não, eu não ligo.
Ela não é um alguém qualquer, ela é uma alegria pra mim. 



20 de fev. de 2018

Momentos


É incrível e estranho ao mesmo tempo
Quando deixamo-nos levar pelos momentos
A indiferença que rege a semelhança 
Ver-se-á escorrendo nesse rosto
Nada se diz e pouco se escuta
Onde o silêncio ensurdece 
a vida cabal. 
Apatia
Que sopra no peito 
E nos leva pra longe 

Da vida sincera, do afago e do amor. 

Eterna saudade

Há um rio que se forma
debaixo dos olhos
toda vez que ela passa 
e então vai embora.

Quando crava momentos 
em imagens passadas.
Onde o ardor nos inflama
e o peito se aperta.

Ah, saudade.
Não me apronte de novo.
Se apronte que trem 
amanhã parte cedo.

Mas não leve de mim
rememorações.
Há uma forte esperança
de que um dia isso acabe.

De uma espera fortuita 
à uma entrega gratuita.
Do que antes sobrava,
hoje falta aos montes:
A saudade contida
numa eterna lembrança.

---

Eis um pouco do muito que nos deixou.
A nostalgia estampada hoje fala mais alto.
Dos risos de canto ao brilho dos olhos.
Todos os gritos e sussurros que expulsamos aos poucos 
jamais conterão tamanha saudade, 
pois nem mesmo as palavras serão capazes de dizer.
A afeição etérea incomoda na perda.
Mas a gratidão, é o que fica.
Por ter passado por aqui, ainda que 'bem rapidinho', 
para ensinar o valor da verdade 
e provar que o amor é eterno 
quando se permite amar.

À Marina Guariente Borsari. 

+ 12/02/2008

Diga-me

Diga-me 
Por que tanto banalizam o amor? 
Por que destruímos uns os outros dissolvendo sentimentos numa intensa guerra de insultos. 
Diga-me. 
Nossa vida está repleta do que não se pode ver. De sonhos tão altos que não conseguimos tocar. 
Partilhamos o mesmo barco navegando neste Rio. 

Somos nós os caçadores, a isca e também a presa. 

8 de fev. de 2018

Solstício

Enquanto a gente fica triste,
achando que tudo acabou,
a vida se renova.

Quando a gente sente
que o tempo parou,
o mundo continua girando.

E enquanto a gente pede
que tudo simplesmente se acabe,
é só o começo de tudo.

Porque a vida pode não ser justa
com a gente em todos os momentos.
Mas o mundo,
o mundo continua existindo lá fora.

Porque depois de uma tempestade,
tem sempre um dia de sol

Amor simples

Eu não ligo se você não tiver os lábios de Angelina ou os olhos de algum lugar na costa do Caribe.
Não importa se o seu cabelo é pintado e nem se prefere uma camisa velha e larga à um vestido coberto por diamantes.
E não me importo se você não tiver muito mais do que uns 20 e poucos contos e algumas boas histórias pra contar.
Não me importa se não for da geração fit", do tipo que prefere um lanche com bastante bacon à duas folhas ou meio frango e duas caixas de ovos.
Não ligo se quiser ficar em casa num sábado a tarde e também não me importo se não souber por onde começar com os talheres na mesa.
A sua presença me basta.
E mesmo que eu fosse uma pequena formiga ou ainda que eu fosse uma galáxia inteira, ainda assim, não caberia em mim tamanha gratidão por este sorriso que levanta meu dia.
Só peço a Deus que não deixe nunca que me falte a alegria de ter você por perto, e que nada dure menos de um instante pra que eu possa me lembrar, no fim, de como tudo o que fiz valeu a pena.

Querer

Quisera eu
Um outro rosto
Num outro tempo
Um outro mundo.
Uma outra cor, voz, coração.
Quisera eu
Ser outro alguém.
Um outro eu
Para chamar de meu.

Cartas à ela: Parte II

Ela me arranca os risos
De canto, escondidos.
Daqueles que gritam e calam
sem muito sentido.

Um riso disposto
que beira a alegria.
A luz que irradia
os escuros da vida.

Ah, mulher.
Não me deixe sorrindo a sós
Tonto, feito um menino
a desatar os seus nós.

E veja,
não cabe a esse rosto
esboçar tal sorriso.
Que este venha de ti,
onde mora o motivo.

5 de fev. de 2018

Cartas à um Zé: Zé e a saudade

Zé,

Eles nunca vão entender essa nossa relação.
Eu te criei em 2013 mas você sempre esteve aqui.
Naquela época pouca coisa acontecia. Mas quando algo dava errado era você que estava lá.
Ainda me lembro.. Eu chegava de manhã e lá estava você, sempre questionando a forma como eu vivia rindo das tragédias da vida.
A gente tomava um café juntos enquanto eu te contava como as coisas eram feias e como as pessoas eram vazias.
Pois é, muita coisa mudou, Zé.
Eu fiquei mais velho. Até perdi um pouco dos cabelos. Mas você, ah, você continua igualzinho.
Aliás, eu acho que as mudanças ficam só nas aparências mesmo.
Eu continuo o mesmo trouxa que sempre fui: Rastejando por migalhas; e as pessoas continuam cheias de vazio.
Mas isso já não faz diferença. Eu aprendi a conviver comigo depois de ter enlouquecido.
Eu estou bem. Eu tenho sentido'tanto' que é como se eu não sentisse nada. E não ter nada me conforta.
Hoje eu estava olhando algumas fotos e encontrei essa sua.
Você não queria tirar, mas no fim até fez pose.
É, outros até tentaram tomar o seu lugar, Zé. Mas eu não deixei.
Você sabe que ninguém jamais ousará tomar o seu lugar.
Bom, estou te escrevendo pra dizer que transbordo saudade.
E se um dia puder, passe por aqui.
Eu te prometo que as histórias estarão cada vez melhores e que as risadas farão sempre parte do nosso repertório.

Até logo, amigo!

3 de fev. de 2018

Nota contraditória

Quando eu queria estar tranquilo
ela veio me atormentar.
Quando tentei me organizar
ela veio e me bagunçar.
Quando achei que tinha esquecido
ela veio para me lembrar
que mesmo se eu quiser ficar sozinho
ela irá me acompanhar.

Estranheza

A minha estranheza me afastou do mundo.
Oscilando entre céu e inferno em frações de segundo.
Se é merecido ou não, não cabe a mim dizer.
Apenas agradecer por tudo o que foi perdido e conquistado. Porque perder é ruim, sim.
Mas nos ajuda a crescer. Ensina a importância que tem as coisas e as pessoas, para que o sabor da vitória tenha sempre um outro gosto, uma outra cor e gere sempre um novo sorriso.

Cartas a um Zé: Lamúrias de um sábado a tarde

Ah, vida.. Tem jogado duro.
A gente cai, rasteja. Chora a noite inteira por uma dor que nunca passa, num vazio que nunca acaba.
Eu juro que não ligo. Talvez já tenha me acostumado.
Sabe, Zé, eu levei tanto tempo pra perceber que o tempo leva tudo que hoje eu realmente já não sei a diferença entre esperar e perder tempo.
A gente está sempre acostumado a esperar que as coisas se resolvam sozinhas, e mesmo quando a gente faz algo para resolver o tempo vem jogar na nossa cara que nada depende apenas da gente.
Eu te confesso, Zé. Eu sou um fraco que tem brincado de ser forte, mas sempre que eu chego em casa.. Ah, quando eu chego em casa eu desabrigo tudo. É uma tortura.
Eu tenho tentado, eu te juro que tenho tentado. Mas não tem adiantado. Eu sei que nem tudo são flores e nem todas as coisas têm cores.
Já tem algum tempo que eu não consigo dormir porque sempre quando eu fecho os olhos eu me sinto como se estivesse morrendo. E lentamente eu estou.
Mas me diga, Zé: Todos nós estamos, não é?

O riso

Me admira a maneira
com que faz com maestria
aquilo tudo que eu nunca
sequer me atreveria 


Quando ri e se emociona
e sem jeito, então me ganha.
Pois me tira da tristeza
cada pingo de alegria

E toda vez que eu me esquecer
ela virá para me lembrar.
Com o brilho e a elegância
que coloca em cada piscar.
O riso é tudo o que nos resta
e o dela nunca me faltará.

17 de jan. de 2018

Porque tudo se destroi.

Eu cultivo mágoas.
A frustrante ideia de tomar veneno esperando que um outro morra.
Porra, cê não viu como eu lido com o remorso? A desconcertante angústia desses sentimentos autodestrutivos.
Mas essa é a resposta ou isso é uma pergunta?
Ela está contida nos maços de cigarros, nas garrafas de bebida e no olhar dos traficantes.
Ela é um sopro no vazio e um grito de silêncio.
A navalha que te corta é a tristeza que te cega
ou é a tristeza que te corta como uma navalha cega?
A resposta vem como uma doença, feito um alcoólatra a celebrar o óbito dos viciados estirados nas esquinas.
De mais a mais, nada de mais.
A navalha segue cortando e a tristeza cegando, enchendo uma autodestruição continua até que esta se torne completamente
nada.

Texto adaptado.
Escrito por Matheus Caravina

Escuros

Era um dia comum.
Uma tarde bonita de um mês qualquer.
Eu me equilibrava na beira da calçada quando o tempo mudou.
Eu caminhava quando todos começaram a correr contra, apenas desviando dos pedaços quebrados que caiam de mim.
Lá estava eu de novo, descrito na história que todos sabiam que não duraria muito mais que uma simples página. Chovia nos olhos enquanto me despia da verdade arremessando-a contra a parede da sala vazia apenas para lembrar que ela nunca foi minha e nem nunca existiu.
Tropeçava nas minhas histórias apenas para que o riso me fizesse esquecer o quão fundo doía lembrar. E mesmo que nunca tenha dado certo eu nunca deixei de fazer porque parecia engraçado aos olhos dos outros.
Me lembro bem.
Era um vazio que soava estranho sempre que eu tentava olhar pela fresta da porta. Uma tristeza que nunca teve nome ou rosto, mas que sempre esteve lá.
E eu voltei achando que mesmo no escuro poderia enfrentá-la.
A gente nunca sabe quando, mas sempre acha que está pronto. Até que chega a hora e percebe que nunca foi nada além de um promissor engano.
Os quadros ainda rangeram por um tempo depois que a porta bateu.
E desde então cá estou eu de novo: Preso numa sala escura e sem ninguém. Curtindo o silêncio que ecoa aqui dentro na espera de que, em um raro momento de compaixão, as cortinas se abram para que eu possa voltar a ver a luz do dia e sentir qualquer outra coisa que não a frieza da solidão e do desprezo.

7 de jan. de 2018

Cartas à ela: Parte I

Gosto da sensação que ela me traz.
De como os olhos dela brilham
em uma intensa tempestade de sensações
ao mesmo tempo em que tudo parece vazio.

Gosto do mistério.
De como ela observa as coisas ao seu redor
como se a vida mudasse de lugar e as pessoas
apenas andassem de um lado para o outro.

Do nervosismo.
Da incrível façanha que tem em me arrancar o silêncio.
De quando me perco com as palavras quando ela está perto.
Gosto da lembrança e do gosto que tem a saudade quando esta se acaba.

E eu não posso negar que eu gosto de gostar da sensação
que ela me traz quando chega,
e e eu tentando esconder o aperto que brota no peito
porque quando está aqui eu tenho o mundo,
mas sempre que se vai, ela me leva tudo.

Não sei

Não sei se devo.
Não sei se chego.
Não sei se calo
ou se me atrevo.

Não sei se travo
ou se acelero.
Se me conformo
ou se me entrego.

Eu não sei.

Se estou confuso
ou se é certeza.
Se é saudade
ou só estranheza.

Porque se ela me pergunta,
apenas digo que não sei.

Não sei se minto
ou se omito.
Não sei que raios
de amor eu sinto.

Demásia

E por aqui seguimos.
Na viela da vida onde o mora o vazio.
Onde os olhos chovem demasiada angústia
enquanto brota no peito um aperto qualquer.
E quando um aceno de longe então escapa, a vida vai lá te esquecer para lembrar o quão
distante ela soa quando insiste em ficar.
No calar dos gritos que se quer libertar; Ao reprimir o silencio eterno que corroi por dentro e nunca se acaba.. E nunca se acaba.
E no instante em que tudo não passa de um míssero nada, no ardor deste dia, a certeza não falta.
Porque toda essa dor foi jogada para fora:
Humilhada e escondida em forma de riso.

Confusão

E eu que sempre achei que estar confuso era algo distante.
E que mesmo despido da certeza, o que fosse correto brotaria das circunstâncias.
Logo eu que nunca acreditei muito no jeito certo de fazer as coisas erradas, hoje, já não sei mais o que é (correto).
Uma parte de mim diz que fica por aqui enquanto a outra segue insistentemente uma outra, montada em uma vontade que foge aos padrões da razão.
E então, cá estou eu perdido nessa ilusão. Desconhecendo os seus motivos e longe de qualquer desfecho.
Só peço que, independente de tudo, a verdade sempre prevaleça; e que o senso de justiça jamais me deixe a sós com qualquer tipo agitação.

3 de jan. de 2018

Vocês

É tarde, já foi.
Eu engano a mim mesmo para enganar a vocês.
Porque assim estou programado.
Não para mim, para vocês.
Porque tudo o que faço
não é para mim, mas para vocês.
Se escrevo uma nota, por mais pessoal que pareça
não é para mim, mas para vocês.
E até quando finjo sorrir para alegrar o momento,
não é para mim, mas para vocês.
Porque a alegria mesmo não é minha,
e nem mesmo eu pertenço a mim.
Porque a vontade que pulsa,
é um julgamento que já não cabe a mim.
E cada instante que eu vivo
não é para mim, mas para vocês.