Era um dia comum.
Uma tarde bonita de um mês qualquer.
Eu me equilibrava na beira da calçada quando o tempo mudou.
Eu caminhava quando todos começaram a correr contra, apenas desviando dos pedaços quebrados que caiam de mim.
Lá estava eu de novo, descrito na história que todos sabiam que não
duraria muito mais que uma simples página. Chovia nos olhos enquanto me
despia da verdade arremessando-a contra a parede da sala vazia apenas
para lembrar que ela nunca foi minha e nem nunca existiu.
Tropeçava nas minhas histórias apenas para que o riso me fizesse
esquecer o quão fundo doía lembrar. E mesmo que nunca tenha dado certo
eu nunca deixei de fazer porque parecia engraçado aos olhos dos outros.
Me lembro bem.
Era um vazio que soava estranho sempre que eu tentava olhar pela fresta
da porta. Uma tristeza que nunca teve nome ou rosto, mas que sempre
esteve lá.
E eu voltei achando que mesmo no escuro poderia enfrentá-la.
A gente nunca sabe quando, mas sempre acha que está pronto. Até que
chega a hora e percebe que nunca foi nada além de um promissor engano.
Os quadros ainda rangeram por um tempo depois que a porta bateu.
E desde então cá estou eu de novo: Preso numa sala escura e sem
ninguém. Curtindo o silêncio que ecoa aqui dentro na espera de que, em
um raro momento de compaixão, as cortinas se abram para que eu possa
voltar a ver a luz do dia e sentir qualquer outra coisa que não a frieza
da solidão e do desprezo.
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