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17 de jan. de 2018

Porque tudo se destroi.

Eu cultivo mágoas.
A frustrante ideia de tomar veneno esperando que um outro morra.
Porra, cê não viu como eu lido com o remorso? A desconcertante angústia desses sentimentos autodestrutivos.
Mas essa é a resposta ou isso é uma pergunta?
Ela está contida nos maços de cigarros, nas garrafas de bebida e no olhar dos traficantes.
Ela é um sopro no vazio e um grito de silêncio.
A navalha que te corta é a tristeza que te cega
ou é a tristeza que te corta como uma navalha cega?
A resposta vem como uma doença, feito um alcoólatra a celebrar o óbito dos viciados estirados nas esquinas.
De mais a mais, nada de mais.
A navalha segue cortando e a tristeza cegando, enchendo uma autodestruição continua até que esta se torne completamente
nada.

Texto adaptado.
Escrito por Matheus Caravina

Escuros

Era um dia comum.
Uma tarde bonita de um mês qualquer.
Eu me equilibrava na beira da calçada quando o tempo mudou.
Eu caminhava quando todos começaram a correr contra, apenas desviando dos pedaços quebrados que caiam de mim.
Lá estava eu de novo, descrito na história que todos sabiam que não duraria muito mais que uma simples página. Chovia nos olhos enquanto me despia da verdade arremessando-a contra a parede da sala vazia apenas para lembrar que ela nunca foi minha e nem nunca existiu.
Tropeçava nas minhas histórias apenas para que o riso me fizesse esquecer o quão fundo doía lembrar. E mesmo que nunca tenha dado certo eu nunca deixei de fazer porque parecia engraçado aos olhos dos outros.
Me lembro bem.
Era um vazio que soava estranho sempre que eu tentava olhar pela fresta da porta. Uma tristeza que nunca teve nome ou rosto, mas que sempre esteve lá.
E eu voltei achando que mesmo no escuro poderia enfrentá-la.
A gente nunca sabe quando, mas sempre acha que está pronto. Até que chega a hora e percebe que nunca foi nada além de um promissor engano.
Os quadros ainda rangeram por um tempo depois que a porta bateu.
E desde então cá estou eu de novo: Preso numa sala escura e sem ninguém. Curtindo o silêncio que ecoa aqui dentro na espera de que, em um raro momento de compaixão, as cortinas se abram para que eu possa voltar a ver a luz do dia e sentir qualquer outra coisa que não a frieza da solidão e do desprezo.

7 de jan. de 2018

Cartas à ela: Parte I

Gosto da sensação que ela me traz.
De como os olhos dela brilham
em uma intensa tempestade de sensações
ao mesmo tempo em que tudo parece vazio.

Gosto do mistério.
De como ela observa as coisas ao seu redor
como se a vida mudasse de lugar e as pessoas
apenas andassem de um lado para o outro.

Do nervosismo.
Da incrível façanha que tem em me arrancar o silêncio.
De quando me perco com as palavras quando ela está perto.
Gosto da lembrança e do gosto que tem a saudade quando esta se acaba.

E eu não posso negar que eu gosto de gostar da sensação
que ela me traz quando chega,
e e eu tentando esconder o aperto que brota no peito
porque quando está aqui eu tenho o mundo,
mas sempre que se vai, ela me leva tudo.

Não sei

Não sei se devo.
Não sei se chego.
Não sei se calo
ou se me atrevo.

Não sei se travo
ou se acelero.
Se me conformo
ou se me entrego.

Eu não sei.

Se estou confuso
ou se é certeza.
Se é saudade
ou só estranheza.

Porque se ela me pergunta,
apenas digo que não sei.

Não sei se minto
ou se omito.
Não sei que raios
de amor eu sinto.

Demásia

E por aqui seguimos.
Na viela da vida onde o mora o vazio.
Onde os olhos chovem demasiada angústia
enquanto brota no peito um aperto qualquer.
E quando um aceno de longe então escapa, a vida vai lá te esquecer para lembrar o quão
distante ela soa quando insiste em ficar.
No calar dos gritos que se quer libertar; Ao reprimir o silencio eterno que corroi por dentro e nunca se acaba.. E nunca se acaba.
E no instante em que tudo não passa de um míssero nada, no ardor deste dia, a certeza não falta.
Porque toda essa dor foi jogada para fora:
Humilhada e escondida em forma de riso.

Confusão

E eu que sempre achei que estar confuso era algo distante.
E que mesmo despido da certeza, o que fosse correto brotaria das circunstâncias.
Logo eu que nunca acreditei muito no jeito certo de fazer as coisas erradas, hoje, já não sei mais o que é (correto).
Uma parte de mim diz que fica por aqui enquanto a outra segue insistentemente uma outra, montada em uma vontade que foge aos padrões da razão.
E então, cá estou eu perdido nessa ilusão. Desconhecendo os seus motivos e longe de qualquer desfecho.
Só peço que, independente de tudo, a verdade sempre prevaleça; e que o senso de justiça jamais me deixe a sós com qualquer tipo agitação.

3 de jan. de 2018

Vocês

É tarde, já foi.
Eu engano a mim mesmo para enganar a vocês.
Porque assim estou programado.
Não para mim, para vocês.
Porque tudo o que faço
não é para mim, mas para vocês.
Se escrevo uma nota, por mais pessoal que pareça
não é para mim, mas para vocês.
E até quando finjo sorrir para alegrar o momento,
não é para mim, mas para vocês.
Porque a alegria mesmo não é minha,
e nem mesmo eu pertenço a mim.
Porque a vontade que pulsa,
é um julgamento que já não cabe a mim.
E cada instante que eu vivo
não é para mim, mas para vocês.