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19 de abr. de 2018

Sono

Tenho dormido demais
em uma tentativa pífia de me desligar do mundo.
Para fingir que a vida é um sonho e que tudo acabar-se-á no instante em que eu acordar.
Tenho dormido muito
para driblar a fome que sinto de viver aquilo que eu não posso e chegar onde as mãos já não conseguem alcançar.
Tenho dormido demais!
Para que o riso sincero floresça neste jardim,
e que luz que aponta no fim do túnel não seja mais um trem a me passar por cima.
Tenho dormido
para me libertar da solidão que me acompanha e nunca soube ir embora.
E para fugir dos golpes do homem de preto e sua foice que me observa em seu cavalo.
Tenho dormido demais
para não ter que ver a vida debochar de mim ao jogar na minha cara que fui sempre usado e descartado feito uma roupa velha rasgada.
Tenho dormido demasiadamente
para que as tantas partidas um dia cheguem ao fim, e eu não tenha que sonhar estar dormindo para fingir estar vivendo.

Não mais.

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