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26 de nov. de 2016

Zé e o tempo

Às vezes
Eu deito na cama e fico tentando pensar na vida.
Até onde eu me lembro, nasci aos 12. E devo ter vivido um bom tempo em coma, pois tudo que eu me lembro são alguns flashes da adolescência. Mas nada de quando eu era pequeno.
Desde sempre ouvi histórias de como as pessoas se lembram da sua infância, do que brincavam, o que comiam.. Mas eu, não. Não eu.
Eu queria poder me ver, queria saber olhar pra dentro e ver o Felipe de 10/15/20 anos atras. Encontrar a parte presa no passado que hoje vive apenas em histórias que as fotos podem contar. Mas não, eu não sei.
E é estranho porque tudo o que eu sei é que em algum momento da vida eu fui pequeno, aprendi a andar, correr e até era gordinho segundo dizem.
Por vezes até me parecem momentos que nunca existiram de uma vida que eu não vivi.
E como saber se nem mesmo o meu nome eu sei se é esse?

6 de nov. de 2016

Ninguém

Pessoas passam por você.
Vem e vão.
Indo de um lado pro outro sem qualquer objetivo. Andar, correr, passar o tempo.
Eu estava ali sentado e observava todas elas. Em cada gesto, em cada passo.
As horas voavam e a verdade é que tudo foi se amplificando.
Eu precisava contar.
Mas o fato é que ninguém se importa. As pessoas não estão nem aí pra o que você faz. E a não ser que tenha algo de interesse a oferecer, também não se importarão em saber quem você é.
Ninguém vai te perguntar de onde você veio ou o que te trouxe aqui. No maximo irão proferir algo como "me desculpe" depois de algum esbarrão acidental enquanto estavam mais preocupadas com seus telefones ao invés de prestarem atenção no caminho.
Todos querem se ocupar com o mínimo para procrastinar coisas maiores. Contentar-se com o simples fato de que tudo irá se definir no alinhamento de alguma estrela ou que o futuro se encarregará de moldar seus valores e definir o que unir ou separar.
As pessoas estão cansadas de tomar decisões por  medo das consequências.
Querem dar um nome melhor a vida, ter status e poder com o mínimo de sacrifício. Como presentes. Como algo que se pode dar e tirar quando convir. Para no momento oportuno  dizer que a vida nunca foi fácil mas que no fim valeu a pena porque, no mínimo, é a melhor coisa que podemos nos orgulhar em dizer. Porque a vida pode não ser justa, mas é boa demais para ser desperdiçada.