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25 de mar. de 2019

Cartas à ela: Parte V

Talvez esteja longe.
Longe o suficiente para te olhar nos olhos
E dizer que sinto muito.
Que sinto falta da tua companhia
e que falta me fazem os teus escandalosos risos.
Talvez estejamos de costas
brigados com a vida.
Caminhando em direções opostas
desejando encontrar-se no início.
Talvez a dor não exime
Tamanha saudade
E essa falta que sobra
Hoje esteja esteja num quadro.
Quem sabe algum dia
Nos reencontraremos.
Talvez, quem sabe.
Espero que ainda se lembre.
Tomara que não seja pra sempre.

Repaginada

Ela era tudo.
Ele, pouco notava.
Ela acordava cedo 
e uma mensagem, então, mandava.
Ele não respondia. 
Quiçá visualizava.
Ela o elogiava com um brilho no olhar,
Ele mal lembrava dela quando ia ‘farrear’.
Tantas foram as madrugadas que, em lágrimas, ela se afogou
Enquanto ele se divertia bêbado em algum show.
Ela se importava e se mostrava interessar.
Mas ele era bom demais pra perceber.
Hoje, ela partiu.
Marchou para que possa encontrar alguém que aqueça e eleve o seu coração.
E não um tolo apequenado
afogado na distração.

Cartas à ela: Parte IV

Eu a tinha
Da maneira mais bonita
Que alguém pode desejar
E sem pedir nada em troca,
Ela ria e me cuidava
Com ela todos os momentos
Se tornavam especiais
Ela era a minha alegria
E eu transbordava de felicidade
Ela expressava os sentimentos
De uma forma que ninguém
Nunca o fará
Tinha desejo em seus olhos
E quando sorria, me ganhava.
Ela era a mulher por quem eu
Me apaixonava todos os dias
Um amor com a certeza
De que jamais esqueceria.
E se por um acaso
Em algum dia
Pelo tempo eu viajar
É por lá que eu vou estar
Ao lado dela
Fazendo tudo outra vez
Como se fosse a primeira vez.

Cartas à um Zé: Desabafo socio-monetário

Olha,
Eu sei que eu não tenho muito a oferecer.
Eu não tenho uma casa legal com piscina para te refrescar; e não tenho nenhum veículo motorizado que seja mais rápido que alguns passos atrasados rumo à estação de trem. E que eu não posso sair sempre. Bem, talvez nem que pudesse o faria. Talvez.
Eu sei que não tenho um corpo atlético, não tenho um sorriso bonito e nem mesmo charme a arremessar por aí. Sei também que além do riso, o bom humor também nem sempre está por perto.
Que eu prefiro falar e ouvir sobre os outros porque a minha vida mesmo nunca teve nada de interessante.
Sei também que eu não tenho muito mais a oferecer do que tudo aquilo que queima aqui dentro e me escapa em palavras. Aliás, sempre fui um alguém que sentiu muito, se entregou ao máximo e não recebeu nada; e as palavras são a única coisa que me sobram.. Sempre.
Eu sei que não posso prometer o mundo perfeito e nem mesmo um quintal inteiro forrado de flores.
Que não tenho como mudar as coisas e arrancar o sofrimento dos outros. Infelizmente, não.
E que que não tenho o direito de pedir aquilo que não posso ter.
Eu sei que não sou nenhum orgulho e também não sou nem a metade do que deveria. E que não tenho muito mais a oferecer que não muito deste pouco que tenho. Que se nem a mim mesmo serve, imagine a outrem.
Um cordial abraço,
Felipe.

O adeus que não pedi a Deus

Vou dizer que sinto falta.
Quando o dia, então, chegar.
E com os olhos transbordando,
sua ausência lastimar.

Vou dizer que sinto falta
sempre quando eu me lembrar
que a deixei por um segundo
e que nunca irá voltar.

Vou dizer que sinto muito
pela distância que nos separa.
Nós levantamos muros,
mudamos e perdemos tudo.

Quando tudo terminar
eu vou dizer que sinto falta.
Sua, nossa e de tudo o que tivemos.
E que a falta que me sobra
é um vazio incalculável.

Vou dizer
com a voz mais alta
e o mais profundo aperto
que eu puder suportar

Eu ainda lembro de tudo,
eu sinto muito a sua falta.

Breve partida

Eu morri
No instante em que se foi
Quando resolvi partir para me livrar das despedidas.
Ao estancar os sentimentos que escapavam pelos poros.
Eu desfaleci
Ao sufocar a morte de um amor tão egoísta e solitário. 
Por nunca ter dito o que queria ter feito.
Por nunca ter quisto esvaziar o peito. 
Eu me desconheci
reconhecendo que errei.
Eu estou partindo para não ter de sucumbir
e desfalecer os sentimentos
no aconchego de um adeus.

Notas

Cada dia mais tenho a certeza de que estamos no fim. E a cada dia que passa deixamos de nos importar enquanto somos ofuscados pelos gourmetizadores da vagabundagem em sua luta pelo direito de ser um ninguém.
E os que se dedicam e realmente se importam com o que fazem, nada mais ganham alem da tristeza e revolta; a prova cabal da certeza da injustiça e impunidade.

És tu

Um sopro de vida
que aquece o peito
O cair de uma lágrima
o suor de um desejo 
 
És tu
o exato momento
que separa um compasso
O pedaco inteiro
referto de talhos
 
És tu
o ruidoso silencio
detrás de um zumbido
Um clássico canto
aos pés do ouvido. 
 
És tu
o que sois
a somar muito mais
Da lua que nasce
ao sol que se põe. 
 
Assim és tu
para mim, o todo
e tudo que o compõe.