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15 de set. de 2016

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Eu estava firme, estava bem.
Estava livre de ser um refém.
Por dias eu havia esquecido o quanto a dor
Era presente e de como ela sempre foi uma parte de mim.
Eu estava voando para os meus sonhos.
Planando n'um céu azul que ainda desconhecia.
Liberto dos mesmos pecados, seguia um outro ritmo. O anúncio de um tempo de paz.
Me via de longe, gritava, ria. Dançava comigo até a lua se por. Não havia fantasmas.
Eu tinha a tristeza capturada e sob controle,
presa n'um tempo passado que se perdia mais e mais.
Eu tinha um novo nome, um novo rosto. Tinha até um sorriso que por vezes chegou a encantar um outro.
Era uma nova vida, um outro eu.
E numa noite atípica, de uma frase mais fria ao engasgo. Eu vomitei toda tristeza e dor que acumulei durante o tempo em que não era eu.
O aperto, a ansiedade. Eu estava de volta à estaca zero. Os mesmos textos, as mesmas musicas.
Era a volta ao meu mundo, a minha solidão.
Eu tentei resistir. Eu tentei voltar.
Poucos sabem o quanto é difícil cair de algo que já se levantou um dia.
Mais algumas linhas e tudo o que eu queria era uma solução definitiva para os problemas temporários. E até podia.
Mas e as pessoas? As conquistas, os sonhos..?
Por quanto? Até quando?
Tudo o que eu queria era voltar à vida. E esquecer que por mais que eu mude por fora, por dentro eu serei sempre o mesmo cara triste que chora enquanto ri. Tentando enganar os outros dizendo que está tudo bem. Tentando enganar eu mesmo que é só mais um dia ruim.


Setembro, 15