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11 de fev. de 2017

Metades

Apesar da minha estranha timidez
nunca fui de meias palavras.
Sempre fui de falar muito.
Mesmo que do meu jeito, no meu tempo.
Das muitas coisas do passado, uma das das poucas que me recordo
é o quanto agradecia quando as redações não tinham limite de linhas.
Independente da história as minhas sempre viravam a folha.
O fato de odiar quando davam meio pão com salsisha na escola e o quanto me incomodava deixar uma questão pela metade na prova..
Talvez por isso eu nunca tenha gostado de relógios: As horas são inteiras apenas por um minuto.
Não consigo deixar nada inacabado ou malfeito.
Eu não sei pensar pouco. Não consigo olhar menos ou tocar pela metade.
Eu tenho que estar atento a tudo. Tudo me atrai, tudo me interessa.
Ah, se eu pudesse descrever o quanto eu odeio essas malditas metades..
Meias pessoas, meias saudades, meias verdades.
Eu mesmo prefiro andar descalço à estar de meias.
Porque eu não sei gostar um pouco
ou dizer meias palavras.
Eu não sei amar pela metade.
Sou um cara de excessos. Tudo pra mim é em excesso.

Porque eu não consigo me contentar com nada que seja raso.

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